quarta-feira, 2 de abril de 2008

Investigação Etnográfica

"O objectivo de se trabalhar com crianças deveria ser, explicar factos mantendo a riqueza multifacetada das suas vidas (...) Há uns anos Erickson propôs um termo mais abrangente-«interpretativa»- Para abordagens «alternadamente designadas por etnográficas, com observação dos participantes, estudos de caso, interaccionismo-simbólicas, fenomenológicas, construtivistas ou «interpretativas».(1986, p,119). (...) Erikson frisou este termo mais abrangente, evita as conotações de não quantitativa que o termo «qualitativa» adquiriu e aponta para o foco de interesse comum às abordagens do «significado humano da vida social e a sua elucidação e exposição por um investigador».

"M. Elizabeth Graue . Daniel J. Walsh "Investigação Etnográfica com Crianças Teorias, Métodos e Ética" . Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa

segunda-feira, 31 de março de 2008

Investigação em Educação

A investigação em educação tem vindo a modificar-se: um campo que era dominado pelas questões da medição, das definições operacionais, das variáveis, da testagem de hipóteses e da estatística, alargou-se a fim de contemplar uma metodologia de investigação que acentua a descrição, a indução, a teoria fundamentada e o estudo das percepções pessoais, e que é designada por “investigação qualitativa”.

A influência dos métodos qualitativos no estudo de várias questões educacionais é cada vez maior, manifestando muitos dos investigadores educacionais uma atitude positiva face às mudanças que se têm vindo a verificar nas estratégias de investigação, e contemplando a abordagem qualitativa tanto a nível pedagógico como a nível da condução da investigação.

A designação investigação qualitativa é utilizada como um termo genérico que agrupa diversas estratégias de investigação que partilham determinadas características, a saber:

· A fonte directa de dados é o ambiente natural, constituindo-se o investigador em instrumento principal. Os dados são recolhidos em situação e complementados pela informação que se obtém através do contacto directo;
· A investigação é descritiva. Os dados recolhidos apresentam-se sob a forma de palavras ou imagens e não de números, os resultados escrito da investigação contêm citações feitas com base nos dados, tendo em vista ilustrar e substanciar a apresentação, e incluem transcrições de entrevistas, notas de campo, fotografias, vídeos, documentos pessoais e oficiais. As narrativas não são reduzidas a dados numéricos, sendo analisadas em toda a sua riqueza, respeitando, tanto quanto possível, a forma como foram registados ou transcritos;
· Os investigadores interessam-se mais pelo processo do que pelos resultados ou produtos, preocupando-se com a história natural da actividade ou do acontecimentos que se pretendem estudar, com o modo como os significados são negociados, e como as expectativas dos professores se traduzem nas actividade, procedimentos e interacções diárias;
· Os investigadores tendem a analisar os dados de forma indutiva, não os recolhendo com o objectivo de confirmar ou infirmar hipóteses formuladas previamente, construindo, ao invés, as abstracções à medida que os dados particulares recolhidos se forem agrupando. Uma teoria desenvolvida deste modo procede de “baixo para cima”, baseando-se em peças individuais de informação recolhida que inter-relacionam. Para um investigador que planeie elaborar uma teoria fundamentada sobre o seu objecto de estudo, a direcção desta só se começa a estabelecer após a recolha de dados e o contacto directo com os sujeitos;
· O significado reveste-se de importância vital. Os investigadores que fazem uso da abordagem qualitativa estão interessados no modo como as diferentes pessoas dão sentido às suas vidas, preocupando-se com as diferentes perspectivas participantes.

O Método Científico


O método científico pode ser entendido como um modo sistemático de explicar um grande número de ocorrências semelhantes, procurando descobrir a realidade dos factos.

A investigação nasce de um problema observado ou sentido, dando lugar à selecção do assunto a ser tratado. Por sua vez, esta selecção implica a formulação de uma hipótese ou pressuposição que irá guiar e, ao mesmo tempo, delimitar o problema que vai ser investigado.

Neste sentido, podemos distinguir diferentes processos utilizados pelo método científico, a saber:

- observação e recolha de dados;
- hipótese ou pressuposição que procura explicar provisoriamente o fenómeno em estudo, até que os factos a venham confirmar ou infirmar;
- experimentação que procura verificar a hipótese;
- indução, forma de raciocínio ou de argumentação, isto é forma de reflexão, que se baseia na generalização de propriedades comuns a certo número de casos observados a todas as ocorrências de factos semelhantes;
- dedução, forma de raciocínio que parte do geral para o particular;
- análise – decomposição de um todo nas suas partes;
- síntese – reconstituição da totalidade decomposta da análise;
- teoria – construção intelectual que aparece como resultado da pesquisa científica.

Será oportuno, neste momento, distinguir os conceitos de método, processo e metodologia.

Por método entende-se o procedimento ordenado e sistemático que visa a busca do conhecimento, enquanto o processo (a técnica) é a aplicação específica do plano metodológico e forma específica de o executar. Por sua vez, a metodologia tem por objecto o estudo, a descrição e a análise dos métodos.

O Espírito Científico

O espírito científico é, antes de mais, uma atitude do investigador que procura soluções sérias, através de métodos adequados, para o problema com que se confronta. Este espírito traduz-se numa mente crítica, objectiva e racional.

A objectividade torna o trabalho científico impessoal, na medida em que qualquer outro investigador poderá repeti a mesma experiência e chegar ao mesmo resultado.

Metodologia Cientifica

O que é conhecer? É uma relação que se estabelece entre o sujeito que conhece e o objecto conhecido, havendo, por assim dizer, neste processo o sujeito que se apropria conhecido.

O conhecimento implica, pois, o sujeito que conhece e o objecto conhecido, havendo, no entanto, a distinguir diferentes níveis de apropriação da realidade:

o conhecimento empírico – o conhecimento popular, não sistemático, obtido por acaso, após várias tentativas;

o conhecimento científico – o conhecimento metódico, que conhece os fenómenos, e para além deles, as suas causas e as leis que os regem; um conhecimento apoiado na demonstração e na experimentação;

o conhecimento filosófico, que se distingue do conhecimento científico pelo objecto de investigação e pelo método, reside numa busca constante de sentido, de justificação, de interpretação sobre tudo o que envolve o homem e sobre o próprio homem, e na reflexão sobre o saber científico e técnico, problematizando-o, procurando compreender a totalidade da realidade;

o conhecimento teológico – o conhecimento revelado, aquele conjunto de verdades a que o homem chegou mediante a aceitação dos dados de revelação divina – conhecimentos adquiridos nos Livros Sagrados.